domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ausência


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz perenizada.


[Vinícius de Moraes]

28 de fevereiro


Com dificuldade, ela abria seus olhos. Seu quarto ainda se encontrava escuro, a janela tampava qualquer luz que pudesse interferir naquele momento. Lágrimas confundiam a sua visão, ela sempre acordava com lágrimas. Permaneceu imóvel, na mesma posição. Deitada, observava a mesma cena de todos os dias. A imagem que se refletia no espelho a assustava, e como todos os dias, ela passara alguns minutos a encarando. Depois, apertava os olhos e tentava esquecer... Era o estranho sentimento de vazio, que preenchia o quarto inteiro. Seu peito doía, lá no fundo. Porque tinha que acordar todos os dias? Ela tinha o pequeno desejo de permanecer dormindo, pelo menos até que nada mais a atormentasse. Mas aí, parava pra refletir sobre esses pensamentos, que lhe causavam medo, dela mesma... Mas ela ia se recompondo, aos poucos, era isso que lhe restava para poder levantar todos os dias.
Procurando algum motivo que lhe dessa vontade de sorrir, ela disca o único numero, que havia em sua lista de chamadas. depois de alguns toques, uma voz rude e grossa atende. ela respira fundo.. e desliga. enterra a cabeça no travesseiro, e deixa as lágrimas rolarem.. ela só precisava que alguém lhe desejasse um bom dia, porque ela sabia que aquele dia não seria muito fácil. tudo certo, tudo bem, ela pensava. ela se levantou, e foi até o banheiro lavar seu rosto. Mais uma vez, parou pra observar a imagem sobre o espelho... fechou os olhos, encostada sobre a pia, e se recompôs......

Áurea M.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"O Pequeno Principe"

Olhe para as estrelas,


[...] olhe como elas brilham por você,
e por tudo o que você faz [...]
você sabe? você sabe o quanto te amo.
eu atravessei o oceano. eu superei barreiras por você.
Eu tracei uma linha, estabeleci meu limite, por você.
Eu progredi, eu escrevi uma cançao por você.
Então.. Eu esperei minha vez [...] ♪

Cold Play

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

E mais uma vez [...]


Aquela velha cena; ela caminhava sozinha de volta para casa com lágrimas nos olhos. Mais uma vez, a mesma sensação. Era como se depois de tanto andar, ela continuasse no mesmo lugar. Ela estava cansada, era longo o caminho e não tinha fim. Quando ela olhava em volta, tudo estava igual. Ela estava perdida, tantas decepções haviam lhe confundido a visão. O problema todo, era que ela não podia se afastar dessa pessoa que tanto lhe fazia mal, que tanto a machucava e lhe decepcionada, por que essa pessoa, que ela mal reconhecia era ela mesma. E Isso lhe causava enjôo. Ela não conseguia ir a lugar nenhum. Isso lhe causava ódio. Doía. Pensar em que não tinha progredido com seus erros, como todos sempre lhe diziam que iria ser.. mas isso não era novidade nenhuma, afinal ela sempre escutava ouvir falar de um mundo, que também não era exatamente como diziam. Doía, saber que ela estava cansada, e não havia nada para a motiva-la a mudar essa situação. Quando ela achava que tinha se encontrado, ela voltava para o mesmo lugar, e repetia tudo de novo, exatamente com antes. E no final, quando ela pensava que tinha chegado, ela percebia que todo seu caminho não a levara a lugar nenhum, que tudo havia sido em vão. Ela só queria poder sumir, pra onde não existisse nada. Por que talvez lá, nada mais tivesse importância.
Áurea M.

Um costume diáro,


E hoje, eu já suporto ouvir, sem demonstrar nada cada vez que alguém fala de você. Hoje, eu tenho a capacidade de te ver sorrir, sem me sentir vazia sabendo que não é para mim seu sorriso. Hoje, eu não te procuro mais em cada lugar que eu chego, porque eu sei que se você estiver, não vai ser comigo. Hoje, eu não gasto mais tanto tempo me perguntando por que eu fui tão idiota quando te deixei ir embora. Hoje, eu entendi finalmente que eu fui só uma pequena ilusão na sua vida, e que pra você, foi bem mais fácil do que você dizia que ia ser, entender isso e seguir logo enfrente. Hoje, eu tenho força suficiente para me divertir, sem ficar me perguntando por que não é você que está la pra me fazer rir. Não é que eu tenha esquecido, eu não seria capaz. É que não dói mais ver você dizendo para outra pessoa o que você dizia por mim, te ver passando e notar que você nem ao menos me viu. A única dor que restou em mim, é saber que eu NUNCA vou te esquecer, nem só por um minuto. A dor, como tudo mais na minha rotina, se tornou um costume diário; eu só tive que aceitar, porque eu sabia que ela não iria embora.
Áurea M.